segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

DEPOIS DE 10 ANOS ASSISTO A UM CONCURSO DE SALTOS NO BRASIL.

DEPOIS DE 10 ANOS ASSISTO A UM CONCURSO DE SALTOS NO BRASIL. Foi com grande alegria que revi alguns amigos, todos os cumprimentos foram muito bem recebidos. Duas alegrias foram de grande importância. A primeira rever uma das melhores pistas de grama do mundo, com certeza a melhor das Américas, a pista que deveria ter o nome de Cel. Renyldo Ferreira (não me recordo se já recebeu este nome). Ela estava linda na Sexta feira, suas cores do verão fazem dela um deleite para todos aqueles que gostam de belas imagens. O segunda satisfação a qual guardei para mim e pela primeira vez falo dela é ter visto em pista diversos filhos do garanhão Diapason de Gaves. De certo este é o melhor garanhão já importado para nosso país da raça Anglo Árabe. Tenho a certeza que poucos sabem a história deste. Ele foi escolhido na França por um criador da região de Leme SP, para o qual trabalhava na oportunidade com a minha ajuda. Este chegou ao Brasil faz aproximadamente 15 anos, depois de longa espera na França. Chegou com os quatro cascos podres, como tivesse vivido num chiqueiro antes do embarque. Quando desceu do caminhão, não era um cavalo, era uma coisa magra, grande, mas com ângulos absolutamente brilhantes e um conjunto de formas dos melhores. Intratável, mordedor, dava coices na sombra, etc. As pessoas que ali trabalhavam, pouca ou nenhuma experiência tinham com cavalos de grande porte, o que fez sobrar para mim o primeiro contato com a fera. No segundo dia, o soltamos num piquete de gado nelore, o qual tinha uma cerca de dois metros de altura. Foi soltar, esperar dois minutos e vê-lo saltar praticamente ao trote e disparar, todo dolorido devido aos cascos podres ao encontro do piquete das éguas. Ali reparei que tratava-se de um individuo diferenciado. Logo depois foi vendido para o Haras Transwaal e voltei a vê-lo num leilão deste Haras no Parque da Água Branca SP, saltando em liberdade. Foi a última vez que o vi, nem sei se ainda está vivo. Hoje anos depois, tenho a certeza que ele era o caminho, tinha o “turbo”, tinha uma finura em sua pele que refletia na sua refrigeração muscular e um enorme potencial de movimentação nas três fases do Salto. Enfim um belo garanhão. Outra grande alegria foi ver os “forever Young” Vitor Alves Teixeira e Caio Sergio José de Carvalho saltando, mais o Caio, com um belo cavalo tordilho "importado" do Haras Cooper. Já Teixeira e seu jeito particular de montar, está inalterável. Ambos têm uma história única, mas minha memória não pode deixar de lembrar de um lugar aonde foram produzidos grandes cavaleiros, o HORSE CENTER do amigo Marcelo Malzoni. Como São Paulo precisa de um lugar igual a aquele, um lugar aonde o “povo” possa entrar sem constrangimentos numa competição eqüestre, numa localização privilegiada. Se posso fazer uma critica, ela recai na questão que os dirigentes do Hipismo paulista fazem em não “popularizar os eventos eqüestres”, propondo indiretamente a manutenção da elite eqüestre em seus refúgios seguros, as duas Hípicas da Cidade de São Paulo. A situação agrava-se, quando a entrada é livre e cobra-se R$15.00 reais para estacionar o automóvel, piora ainda mais quando as pessoas não podem entrar livremente pelas portas que dão acesso ao concurso, no caso a entrada da Rua Vitorino de Freitas, entrada da Hípica Santo Amaro alternativa para quem usa transportes públicos. No meu caso especifico, o taxi o qual usei deixou-me nesta portaria e fui proibido de entrar pelo chefe de segurança do CHSA, tendo de dar uma volta de quase um km. a pé até a portaria da Visconde de Taunay. Chegando a esta portaria procurei o “chefe” da segurança, um tal de “Beto”. Como eu haviam ali várias pessoas e disseram-me para pagar a senha para reclamação. Entre os reclamantes tinha o Dr. Renato Macedo, responsável pela OVERMED, empresa contratada pelo concurso, o qual reclamou de maus tratos por parte da segurança deste Clube tradicional. Sobre o concurso, fora raros conjuntos de beleza, o “Show” ficou deficitário. O som do concurso realmente não funcionava e mal entendia-se os nomes dos conjuntos na pista de grama (uma pena pois tinha o melhor Speaker do país ao microfone), quando estes eram anunciados. Uma falta grave e gritante. Acostumado a concursos internacionais mundo a fora, sei da importância no “Show” de boa transmissão das informações para o publico e por outro lado como entretenimento deste, com uma programação musical de bom gosto e plugada com o cavalo, criando-se o clima. Entendo que todos os jornalistas existentes “mamam” da teta da CHB ou FPH, ser independente torna-se certamente um alvo e sendo alvo é indesejado e de certo receberá retaliações, mesmo que as intenções sejam o melhor para o “Show Jumping” e em conseqüência para o espetáculo, tendo como resultado final mais publico e conseqüentemente favorecer a industria do cavalo diretamente e os inexistentes patrocinadores num país aonde tudo está bombando, até Campeonato de Pinbolim. A proposta racional é o exemplo que tive semana passada em Wellington FL. Vc pára o seu automóvel, logo passa um carrinho elétrico e leva-o ao evento. Quando vc chega na entrada do Concurso duas recepcionistas te dão gentilmente toda a programação do dia de forma simpática e atenciosa, ainda brincam com vc, perguntam de que país vc é, etc. Substituir os seguranças brutalizados do CHSA por recepcionistas do Concurso, já daria uma nova cara e demonstraria que existe uma preocupação em receber os visitantes da melhor forma possível(no entender dos sócios nós somos os invasores!!), além de ser elegante como a elite assim pretende ser. O Outro problema gritante, que ressalta aos olhos de qualquer um, com o mínimo de cultura eqüestre é a mediocre equitação praticada em todas as categorias, agravando-se nas menores, fora raras exceções, pela falta de culto ao “estilo”. Eu, no meu caso gosto de beleza, de conjuntos montando com classe, seja em que série eles estiverem, faz parte da Educação e Cultura Eqüestre preservar o belo e induzir este gosto aos mais novos, não só em suas vestimentas, quase sempre Pikeur, mas a todos os detalhes que envolvem um esporte nobre. A ausência dela danifica a estética e de certo coloca em risco os novos participantes, os quais visam apenas os resultados, (num claro engano,que começa nas boleteiras) tendo ausente por completo a palavra conjunto, tratando os cavalos como bicicletas se tratassem, instrumentos de acesso à “fotografia” e de prazer egocentrico. Não teremos um esporte com acesso à mídia, tendo sempre na nossa sombra o ranço de um passado recente, aonde um Presidente da Republica afirmou preferir o cheiro do cavalo ao cheiro do povo. Libertar-se das elites, assim como da burguesia e seus redutos seguros é “sinequanon” para que todos tomem gosto pelo belo, pois se ele é para mim, certamente será para outros tantos, nesta cidade, neste país. O Brasil mudou e a burguesia equestre nacional, aquela que é passada de pai para filhos, a qual é visível nas pistas, inclusive nos “estilos” de cada nome, terá de entender de uma vez por todas, que o mercado é infinito e que restringindo um esporte caro por natureza, como é executado nos dias de hoje é um grande erro estratégico, mesmo para estas famílias dominantes. O grande exemplo disso é um dos maiores concursos do mundo ter deixado a cidade de São Paulo e ter-se transferido para a Cidade maravilhosa, sendo que o esporte eqüestre em São Paulo, tem quatro vezes mais praticantes e um publico efetivo e cativo mais numeroso, o que de certo beneficiaria os patrocinadores do evento. Como explicar isso em seus detalhes de certo seria uma ótima reportagem. Na minha ótica, deve-se a esta elite, os sócios das sociedades hípicas paulistas, redutos de poderosos que constroem e destroem coisas belas. A educação continua sendo a chave de toda esta história, vencer as barreiras da informação restrita e popularizá-la, torna-se a grande fronteira, a ponte entre o passado e o futuro num país de características socialista, com um crescimento agrário sustentável dos maiores do mundo, tornando o cavalo um ícone desta sustentabilidade e do elo entre o homem e a natureza e porque não das próprias relações entre o homem e outros seres vivos, com estética, estilo, beleza, refinamento, cultura e esportividade com representação mundial, num culto permanente ao conhecimento. É neste conhecimento que poderemos tatuar para a vida toda amazonas e cavaleiros, fazendo com que estes, mesmo depois de deixar as suas atividades esportivas, mantenham-se junto do esporte, como espectadores. Verificamos uma renovação grande, mas ao mesmo tempo não verificamos uma manutenção deste publico ou cavaleiros no decorrer dos anos. Outro aspecto de grande visibilidade é o enorme percentual de cavalos importados, nas séries de maior altura de chamada, beirando cerca de 70% das inscrições. Esta sem duvida é a grande diferença da década passada. A reflexão nos leva a imaginar o quanto deve ser cruel criar cavalos de Salto de Obstáculos no Brasil, diante deste desequilíbrio imenso entre exportações e importações, diante das centenas de cavalos que chegam a nosso país todos os meses. Restrições a estas importações terão de ser impostas de imediato, como aliás eram executadas no passado e muito bem. Minha preocupação não são os milionários que criam cavalos no Brasil, mas sim os 900 mil empregos diretos e mais de 1.200 mil empregos indiretos provenientes desta industria do agro-negócio. O Ministério da Agricultura do Brasil e Receita federal terá de restringir estas importações, as quais facilmente poderão ser rastreadas e controladas, através da obrigatoriedade do uso de chip de identificação obrigatório (não existirá a mínima chance de gato passar por lebre), limitando aos aeroportos do Galeão RJ e Viracopos SP a entrada de cavalos no país, fora de nossas fronteiras terrestres ou marítimas. No momento temos dois problemas, a entrada exagerada de cavalos importados e os “jogos de cambio” provenientes deste negócio aonde ninguém pode dar um valor exato, mas de certo poderemos dar um valor aproximado e desta forma tornar esta atividade um “caso de policia”. Esta abordagem unindo a Receita Federal do Brasil e as restrições alfandegárias de certo daria uma ótima estratégia na preservação do mercado nacional brasileiro de cavalos de esporte. Alguns entendidos já afirmam existir no circuito nacional de Saltos de Obstáculos mais de cinco cavalos que superam o valor de um milhão de euros cada um. Será que estes cavalos entraram no país por este valor, o qual foi pago no estrangeiro?Será que este valor foi declarado e pago o imposto obrigatório como define a lei brasileira? Tudo isto é de fácil rastreamento, falta apenas uma vontade política para a sua execução. De certo seria um escândalo muito superior à da Daslu, com nomes de peso nacional envolvidos na maracutaia. Existe uma lei e ela terá de ser praticada, cabe cobrar isso das agencias da Receita Federal e seguir estes cavalos importados e dar o flagrante. Cavalos de 1.20m. vale de 30 a 50 mil euros, 130m. a 1.40m. vale de 100 a 150 mil euros, de 1.40m. a 1.50m. de 150 a 250 mil euros e acima de 1.50 meio milhão de euros ou mais. O importador terá de pagar 60% do preço do cavalo de imposto sobre a importação, todos os cavalos são chipados, basta ir numa secretaria de concurso e pagar estes números de chip no passaporte de restrito animal/ais e fazer-se a avaliação destes perante a prova a qual está inscrito. Não bateu com o valor da importação, abre-se uma sindicância e limita o importador de novas importações até ter-se um resultado através de verificações documentais na receita federal, só o bafafa já traria resultados enormes. Para isso, temos de ter pessoas que entendam de cavalos e do comércio destes nos quadros dos agentes da Receita Federal, que saibam das entrelinhas. Tendo os documentos de importação, tendo o tipo de prova, tendo a confirmação do chip, basta fazer-se as averiguações cabíveis, simples não? Assim acabamos com esta história a qual danifica a criação nacional, taxando as importações. Este imposto recolhido, o qual de certo será muito dinheiro, poderá servir para um programa de ensino de cavaleiros e cavalos produzidos no Brasil e sua divulgação nos mercados mundiais, assim como ajudar os concursos nacionais como patrocinador através do Banco do Brasil diretamente à CBH (de certo seria lindo!!inacreditável). Isso sim, estaríamos lidando com um país evoluído e democrático, preocupado com o esporte. Em contrapartida temos a grande deficiência de escolas de equitação ou mesmo Escolas de Formação de Profissionais para produzirem estes cavalos. Os europeus estão a anos luz na nossa frente (só a Suécia tem 157 Escolas de Formação de cavaleiros). Esta é outra questão a ser debatida no seio da CBH, Federações, Criadores e cavaleiros. Por fim, temos o “Show Jumping” que alguns afirmam ter-se beneficiado com a inclusão dos “importados”. Pura balela, história para boi dormir, uma afirmação mentirosa historicamente. Ela é produzida para enganar e defender os interesses de uma pequena minoria formadora de opinião (quase todos cavaleiros) os quais não estão nem ai com a criação de cavalos de esporte do Brasil, também culpa dos criadores históricamente. Aqueles que não conhecem a potencialidade de nosso solo, nossos técnicos e a capacidade de nossa produção, não tem o conhecimento especifico requerido. Hoje com a grande quantidade e qualidade de informação, só erra na genética quem quer, devido a existir diversas fontes de consulta de livre acesso e profissionais comprometidos com a criação nacional de cavalos de esporte para assessorar. Vamos esperar a próxima etapa do circuito e lá estarei novamente, filmando e produzindo um texto ilustrativo.

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