domingo, 20 de fevereiro de 2011

TORNEIO DE VERÃO 2010 – 10 ANOS DEPOIS.

Fazia 10 anos que não dirigia-me à Hípica Santo Amaro para ver um torneio de verão, depois de ter participado das primeiras edições deste famoso concurso de São Paulo. Tudo parecia igual numa primeira impressão, apenas os cabelos brancos e os jurássicos estavam diferente.
Logo encontrei um amigo de longa data, inclusive meu advogado no passado e com ele fiquei por tratar-se de alguém que poderia tecer comentário sem preocupar-me com o que ele pensaria sobre os mesmo, acabamos dando boas risadas e nos colocamos uptoday com as informações dos bastidores.
Fui na hípica a convite do amigo e bom cavaleiro, Yuri Mansur para ver o inúmeros cavalos de sua propriedade saltando naquela competição a qual vim saber depois que é o Pré-Verão, mas tudo bem, pistas são pistas e performances são performances.
Legal que o dia começou em casa mesmo com a Gran Prix TV, uma iniciativa da FPH a qual gostei bastante, algo de vanguarda com a preocupação de popularizar o esporte e ir ao encontro de quem gosta de cavalos e competições eqüestres.
Quando lá cheguei, estava correndo na pista de areia uma prova de um metro, a qual durou 4 horas e meia e na grama proprietários amadores prova nº 18, tabela A, 1.30m. 10 anos depois nada mudou, os cavaleiros em sua grande maioria eram os mesmos e fora raras exceções como a da Ana Elisa Aguiar, a equitação havia regredido. Nesta prova gostei bastante da montada da Amazona, segura, limpa, num ritmo muito atraente, mesmo apresentando-se como atleta acima do peso, mas o hipismo além de ser um esporte cada vez mais feminino, não olha muito para a balança. O Tordilho SL Stylos Império Egípcio foi disparado o melhor conjunto, diria até clássico, já que conheço Ana Eliza desde sua juventude, dos tempos de “So Suiter” e o fantástico My Way (talvez o melhor PSI da história nas últimas duas décadas). Como torcedor e apreciador do esporte e da boa equitação, Ana Elisa impressionou-me por sua “leveza” a cavalo. Já Stylos, criação do saudoso amigo Roberto Souza Leão, o mais excêntrico criador Brasileiro de cavalos de esporte de todos os tempos, que DEUS o tenha em boas mãos, é um cavalo com uma ótima movimentação, fácil condução e “pata”, inclusive para alturas maiores.
Entre uma prova e outra, sentei na arquibancada de madeira da pista de areia, um lugar estranho e muito abafado com um pano verde ridículo a menos de dois metros de minha cabeça, algo de muito mal gosto. Falando em mal gosto a cerquinha do restaurante da hípica tirou a beleza do mezanino, mas as explicações dadas é que muitos ali bebiam e depois saim andando sem pagar, principalmente nos dias de prova. Enfim espero que seja uma cerca removível, pois de certo estragou muito aquele local.
Voltando aos cavalos, mais precisamente à pista de areia, tive a oportunidade de ver os mini mirins em pista. UMA VERDADEIRA AGONIA!! Aqui entre nós, um dos motivos de ter deixado a modalidade de Saltos foi a morte de 3 crianças na minha frente no decorrer destes 35 anos. Devido a este trauma, meu inconsciente em 40 min. que ali fiquei disparou 4 vezes e minha pulsação veio na boca, ficando com o gosto de DMSO na língua, um horror. Realmente não consigo mais conviver com este tipo de situação e para pagar os meus pecados, estou com um filho que ama cavalos em casa, quanto mais o ordeno jogar tennis, mais ele quer montar a cavalos. De certo farei da forma certa, não da forma que ali observei, um choque cultural com a beleza do esporte e a vida. Achei tudo uma tremenda temeridade, com professores inconseqüentes e pais lunáticos.
Para quem chegou a semana passada de Welington FL, este choque cultural eqüestre é marcante, principalmente quando vc sabe que existe outro caminho, muito mais seguro e bem mais técnico, com pôneis e Hunter seat, realmente a grande revolução histórica da equitação de obstáculos norte americana a qual tive a grande satisfação de ver surgir há mais de 3 décadas atrás. O que vimos na formação de nossos futuros cavaleiros é um massacre de jovens, os quais poucos chegarão a algum lugar na escala de crescimento e desenvolvimento eqüestre. Enfim...!! com os dirigentes atuais, o que poderíamos esperar?
Às 14 horas chegou a hora de ver a prova a qual me fez dirigir por uma hora para chegar na CHSA, com uma breve passagem para ver a Felicia Garcia a qual havia nascido um dia antes na maternidade São Luiz. Prova nº19 uma tabela A com desempate de nome Mini Grande Prémio.Uma das coisas que gosto nos concursos é a voz do meu amigo Monzon nos microfones, bem especial.
O meu amigo Yuri prometeu-me ganhar a prova em minha homenagem (mas isso não veio a concretizar-se). Vi atentamente todos os conjuntos, rodeado de dois amigos, aonde intercalávamos conversas “picantes” sobre tudo e todos, além de alguns temas da política eqüestre nacional.Tive a satisfação de ver na Internet agora enquanto escrevia que dois cavalos de sua propriedade classifiram no desempate o qual não assisti.
Dois cavalos impressionaram e alguns cavaleiros também. Para começar gostei muito da amazona carioca, filha do amigo Alegria Simões e da clássica amazona brasileira Lucia Faria, Carolina de Faria Alegria Simões, a qual montou o cavalo QH Ratina Z (estou meio confuso agora, pois a Ratina Z que conheço a vi ao vivo em Atlanta 96, a qual morreu recentemente no México. Enfim, não tive uma boa impressão de sua montada, além da boa performance de sua amazona. Não a conhecia em pista e gostei bastante.
Outro cavalo o qual gostei muito foi o QH Clinten Z com Yuri Mansur. O cavaleiro impôs um ritmo forte e o cavalo correspondeu com saltos volumosos de grande categoria, transpondo todas as dificuldades com bastante facilidade. Deu um desvio numa linha, desvio este devido a um problema de traçado, um salto forte numa paralela seguida de seis lances, aonde o cavaleiro puxou para sete e acredito devido à embocadura ter tido uma ação forte demais, perdendo a impulsão para seguir a diante, mas isso acontece e não tirou o brilho do cavalo. Fazia uns 8 anos que não via o Yuri em pista e gostei de sua precisão e ritmo.
Já o melhor cavalo da competição disparado, o único que eu compraria de olhos fechados foi QH Caro De Laubry Z sob a sela de André de Miranda. Um castanho de muita pata, de ótima coluna e bela movimentação. Agora vendo o desempate na Grand Prix TV - http://www.horseshowbrasil.com.br/video/228/mini-gp-torneio-de-verão-desempate-com-vitória-de-andrea-muniz, fiquei mais impressionado ainda.
Vi a primeira passagem e nem fiquei para o desempate, depois de 10 anos, já estava com overdose de cavalos saltando e nem mesmo observando estava no final dos 60 conjuntos. Como primeira experiência depois de 10 anos, estava ótimo.
Outro motivo que me levou à CHSA foi entender o que acontece no mercado de cavalos de salto no Brasil, o conflito entre os importados e os BH, para que possa solidificar a minha idéia e quem sabe um dia escrever com artigo com bases reais. Cresceu também uma grande vontade de dar vozes aos cavaleiros. São estes que terão de tomar do poder no meu entender na CBH e na FPH e a partir daí o Brasil inteiro. Depor os atuais dirigentes, os ditos “cartolas” é uma necessidade absoluta, pessoas as quais nunca vi a cavalo, nem mesmo tém algum histórico com o cavalo relevante.
Numa breve analise, o que sinto no momento é o seguinte; os cavaleiros que se rebelam contra o sistema, são postos de lado e são cortados de seleções nacionais. Diante desta realidade de retaliações objetivas estes se calam. Criar esta voz e “sinequanon” para a tomada do poder por parte daqueles que fazem o “show”. Como toda a classe desunida, a função dos adversários é que permaneça assim e desta forma a torna de maior controle.
Outro detalhe reparei na analise da ordem de entrada. 32 cavalos são importados e 28 cavalos são BH ou linhagens nacionais, tipo MC ou SL.
Este desajuste de percentuais significa definitivamente um grande problema para a comercialização dos cavalos de salto produzidos no Brasil e de certo um atrofiamento desta atividade agropastoril nacional. Como defensor do Cavalo Nacional, seja ele PSL ou de esporte, algo precisa ser revisto e com bastante urgência. O que reparei na minha breve incursão é a total falta de cuidado por parte dos criadores nas questões sanitárias de seus produtos, mais precisamente a piroplasmose. Este cuidado primário terá de ser efetivado e com urgência absoluta.
Outro problema, o qual está claro em todas as categorias que observei é a não tão boa equitação aplicada. Quase todos montando “A LA DALTINHO”, com cavalos com ausência de beleza, muitas vezes devido a ginetiarem seus cavalos sem a minima preocupação com o estilo e com a movimentação do cavalo sobre o salto, interessando apenas o resultado de que forma seja. Eu como expectador, busco beleza e arrojo, aonde incontrei nas duas pistas do André Miranda.
Para terminar o meu dia feliz, vi pela primeira vez ao vivo a Aida, uma baiana muito especial, linda demais, montando o seu tordilho. Cena muito engraçada e certamente prazeirosa. Reparei depois de tantos anos abservando o "movimentos dos barcos" que não existe lugar melhor para mulheres bonitas e especiais que no meio hipico. A supremacia masculina é maior.

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