sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Olimpiadas Boletim (17) - ADESTRAMENTO COMENTÁRIOS

Chegou ao fim a história dos Lusitanos nas Olimpíadas. Devemos parabenizar indiscutível todo o “movimento” nacional e internacional executado pelas diversas associações de raça e confederações nacionais. Devemos também enaltecer o trabalho executado pelo Dr. Orfeu Ávila Jr e Eduardo Fischer, os quais consagraram-se os melhores criadores de cavalos Lusitanos do mundo. Relâmpago do Retiro, como todos sabíamos, seria a grande revelação deste “movimento”, um cavalo que nunca foi bem em nenhuma exposição internacional da raça no Brasil, que hoje representa o que de melhor existe no PSL no mundo, um belo filho de Luar, que infelismente ficou na 26º colocação, não participando mais dos JO Beijing 2008 (talvez exista alguma chance no exame veterinário, mas duvido!). Se pretendemos ter uma visão futura da raça, é bom observarmos atentamente este cavalo, o qual começou nos retângulos de Adestramento recebendo a sela de Leandro Aparecido e foi desenvolvido na Alemanha. A estratégia que culminou com a pontuação de 65% no GP foi muito bem executada, já que o cavalo tem pouca experiência tém em GP’s (8 apenas). Torço agora que o Haras Villa do Retiro disponibilize para o mercado nacional sêmen deste garanhão (não existe limitações de filhos para garanhões deste nível), o que não vém fazendo até o momento e que permita o retorno deste ao Brasil para defender as nossa bandeira no WEG Kentucky 2010. Não posso deixar de falar também em Afiançado, pai da Orla do Top mãe do Relâmpago e também, pai do Oceano do Top, assim como Luar, dois excelentes garanhões que serviram em nosso país, um deles vendido para os EUA.
Outro ponto positivo e o mais importante é ter levado a Hong Kong indivíduos que são vencedores por natureza e que certamente não deixarão o “movimento do Adestramento” esfriar, eles são: Paulo Salles, Victor Oliva, Eduardo Ficher e Manuel Tavares, quatro conselheiros da ABPSL. A visão que estes tiveram por lá e os contatos que certamente fizeram dará uma guinada na criação de cada um rumo ao cavalo PSL de esporte. Este “movimento” de origem particular no princípio, tornou algo real e amplo, que pretende evoluir e certamente ter o passado como base de experiências já vividas , mas com os olhos no futuro e na renovação. A realidade nos diz que estamos anos luz atrás dos warmblood e que teremos de aliarmo-nos a estes para conseguir rapidamente galgar os degraus que nos levarão a uma competição mais justa e resultados mais satisfatórios e combater politicamente a duplicação de pontuação para exercicios que favorecem as raças europeias, lutando pela igualdade de pontuação em todas as figuras do GP e GP Especial, desta forma poderemos amenizar o racismo ainda existente e compreensivel por parte dos dirigentes do Adestramento da FEI, relativo a cavalo Ibéricos. Não existe tempo a perder e a “transferência de embrião” é uma necessidade de vida ou morte, aliado a uma abertura de conhecimento para todos, condenando todo aquele que destrói novos potenciais no mercado, vendendo gato por lebre, como estes fossem o futuro. Criar novos criadores, no universo de 23 mil novos milionários no Brasil por ano é uma tarefa de profissionais que certamente este 3 nomes juntos saberão fazer. As atividades eqüestres internacionais, não é “metier” para aventureiros ou pára-quedistas. É uma atividade altamente profissional que depende não só da criação de um movimento de marketing, assim como um conhecimento elevado nos detalhes que levam ao sucesso. Grande parte da trilha já foi feita, mas ainda falta muito, criar-se uma base de criação sólida, organizada, padronizada, aonde existam canais comerciais para dar vazão aos produtos que não sejam de elite, porque os bons vendem-se na cerca.
Serviu também para mostrar que os portugueses não são superiores em nenhum quesitos, tanto na criação como no esporte, que não criam o melhor lusitano do mundo e que sempre que forem enfrentados lado a lado perderão, por isso não poderão ser espelhados. Não podemos comparar um país continental como o Brasil, com a ponta da Península Ibérica de solo ruim, assim não existe comparação do poder econômico do Brasil em relação a Portugal. Certamente teremos de respeitar as origens, não “detonar” com o cavalo PSL, mas sim criar novas alternativas que foram expostas em texto anteriores, ou seja variantes comerciais.
Muitos condenam-me por escrever expor minhas idéias, mas é o único caminho que os visionários e homens de coragem encontram para buscar um melhor amanhã, já que são combatidos pela mediocridade e pela miopia todos os dias. Se uma pessoa ler o que escrevo, já considero vitorioso, porque será mais uma pessoa que dificilmente deixará enganar-se.
Devemos também assinalar aqui que o melhor cavalo Ibérico, não foi um PSL, mas sim um PRE de nome Fuego XII (filho de Utrerano, garanhão PRE). Um show de cavalo, com características PRE nítidas (costado redondo, arabizado, forte pescoço, mas com movimentos briosos nos ladeares e alongamento fantásticos para um cavalo Ibérico. Sem duvida, sem ser bairrista, um dos melhores cavalos visto neste GP (acho que estará nas finais!).
Adorei a luta entre os Holandeses e Germânicos, Isabel e Anky (sempre fui mais Isabel!), demais, super amazonas, competitivas ao máximo, o que me fez lembrar WEG Roma 98, aonde tiveram o mesmo duelo “cabeça a cabeça”, mas o melhor cavalo, não foi Salinero ou Satchmo, mas sim o Ravel (filho de Contango, Sela Holandês, garanhão de 1998) de Steffen Peters. Melhor que Don Schufro, menos cabeçudo e mais elástico. Ravel a partir de hoje passa a ser o cavalo que verei constantemente, quando precisar afiar o meu olho.
Por fim, não posso deixar de falar em Luiza. A conheço faz alguns anos e o primeiro receio era que fossem pedir demais dela e que a frustração pudesse fazer com que a moça preferisse namorar e usufruir de sua condição social. Estava errado felizmente, Luiza demonstrou ser uma lutadora de primeira grandeza, aliado ao poder da “grana” que ergue e destrói coisas belas, mas no caso dela foi providencial e muito bem vinda. Não irei comentar a reprise, fato no meu entender corriqueiro e sem maior valor, Samba portou-se dignamente. O valor está em enfrentar 14 mil pessoas, os melhores juízes do mundo e não tremer, como tremeram alguns, outros nem lá chegaram! Este fato me diz que teremos em breve uma amazona que irá brigar pela ponta ( se e somente se existir uma renovação de plantel à altura, sem bairrismos), pelo seu valor individual, que sem duvida vêm de seus pais, Tereza e Manuel, mas acima de tudo de seu avô, um emigrante português que veio para o Brasil e fez fortuna. O espírito Lusitano está em suas veias e isso dá-me a certeza que enfrentará o combate sem olhar para trás. Hoje tornei-me “fan” desta bonita e boa amazona e certamente seguirei os seus passos de perto.
Leandro é um batalhador que deu muita sorte. Acompanho a sua trajetória deste sua origem, através das instruções do cavaleiro e professor Antonio Soares. Depois desta época trabalhou para Eduardo Ficher no Villa do Retiro e foi cavaleiro Panamericanos com Luar em Santo Domingo. Mudou de bandeira e foi trabalhar com o então novo criador Paulo Salles, aonde recebeu cavalos comprados exclusivamente pelo consultor técnico de Paulo. A história de Oceano não foi diferente. Foi comprado em leilão pela filha do Paulo Salles, um cavalo com fama que estaria em final de carreira, mas com o “link” comercial que participaria do Pan Rio 2007 com uma amazona Argentina. Na altura até pensei que seria ótimo, pois iria afundar a equipe Argentina, como veio a acontecer. Leandro negou-se a montar o cavalo e exteriorizou esse pensamento. Na altura investia no cavalo de nome Pantanal para as eliminatórias, foi aonde tive uma participação, chegando Paulo Salles ir ver um cavalo recomendado por mim no México, mas o negócio não se concluiu, este cavalo era o Quieto, famoso garanhão em nossa país. Neste oportunidade o Leandro estava a pé e lhe restou tirar água de pedra do Oceano e assim foi, com a providente ajuda do Dr. Neimar Roncati, foi classificar-se na Europa em Zagred. Certamente este feito encerra a carreira deste nobre filho de Afiançado de Flandes. A intervenção que sofreu no tendão foram de células tronco, a qual recuperou a parte afetada do mesmo. O meu receio sempre foi que este conjunto não conseguisse adestrar ao picadeiro, ficando na inspeção veterinária, mas isso não veio a acontecer o que deixou-me feliz. Certamente Paulo Salles terá de pensar em outro cavalo, visando os próximos jogos, mundiais e pan-americanos, já que pegou o gostinho da brincadeira.
Roger é o cara! Todos sabíamos das irregularidades do cavalo, não era nenhuma novidade, só esqueceram de contar para o Manfred e Nigri sobre isso. Durante a estadia do cavalo na Europa, antes dos JO o Vet. Neimar foi duas vezes ver o cavalo. Assim como Roger, um cavaleiro em ascensão, de perfil e personalidade das melhores, querido por todos , por sua imensa simpatia, não êxito em afirmar que continuará a sua brilhante carreira com o apoio irrestrito de Victor Oliva, que por natureza gosta de festa e de ganhar. Reposição é a palavra de ordem no momento e no PSL este cavalo não existe e se existe está muito bem guardado a sete chaves. Eu tenho um, mais um no México e nenhum em Portugal. Nilo VO termina sua carreira honrosamente com uma medalha de bronze pan-americana.
Para terminar estes comentários, devo salientar que o melhor conjunto da América pobre, quer dizer dos EUA para baixo, foi o conjunto Mexicano o qual está na 12º colocação no individual, o cavalo hanoveriano de criação mexicana de 1992. Este fato demonstra que é possível chegar lá, pois o Adestramento no México têm um desenvolvimento parecido ao do Brasil em todos os aspectos, numero de participantes e investimentos no segmento esportivo.
Devo agradecer ao TERRA.COM.BR que nos mostrou o futuro das transmissões esportivas para a próxima década, permitindo através dela ver tudo o que aconteceu em Hong Kong. Hoje teve inicio o salto de Obstáculos e até o momento Verniss e Bernardo “Cabeção “ Alves estão com zero faltas.

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