quinta-feira, 28 de agosto de 2008

CAVALOS E PESSOAS ANDAM JUNTOS

“Os cavalos e as pessoas andam juntos”
O conflito entre os diversos gêneros do cavalo Lusitano, seja ele Veiga, Alter, CN, Andrade sempre andaram junto das pessoas que os utilizaram. Se os Andrades são grandes, foi devido ao fato que o Eng. Andrade ter sido uma pessoa grande. Já os Veigas, foram moldados para serem cavalo mais ágeis e de menor estatura para servirem melhor para o toureio eqüestre. Já os CN, foram selecionados para as tropas e por ai vamos.
Hoje, procuro um Lusitano para meus filhos, com no máximo 1.52m. de altura e não encontro. Este fato traduz a evolução da raça, aonde tratados dizem que na década de 50 e 60 do século passado, o que mais tinha na raça eram cavalos ruços desta estatura no Lusitano.
Lembro-me também do criador de cavalos Eng. Paulo Pertier, titular do Haras Harmonia defender publicamente o cavalo “barroco PSL”. Ele não mais cria cavalos! Os tempos mudaram, as crianças mudaram, elas são maiores que seus pais e o mais importante no hemisfério norte, aonde o cavalo é popular as pessoas são de maior estatura e sentem-se mal em cima de cavalos de menor estatura.
Lembro-me de um famoso criador, um dos melhores chegando de sua viagem à Holanda e Alemanha e dizer que criava pôneis, olhando a sua criação!
O que temos que ter em mente é a seleção dos animais a utilizar, suas virtudes e defeitos, sem propriamente darmos demasiada importância à morfologia, bem que no decorrer dos anos sinto que o temperamento do cavalo tem uma relação estreita com as conexões e ângulos, devido à dor que este animal sofre quando sujeito a esforços maiores. Sendo um animal de fuga, logo descobre alguma defesa, que vai do coice ao bolear com o cavaleiro em cima.
Existem duas palavras que são moda no mundo – CONEXOES E MONTABILIDADE.
Falaremos sobre MONTABILIDADE primeiro – Para quem monta a cavalo significa um cavalo sem reações às ajudas, que transmita a sensação de igualdade no seu equilíbrio simétrico entre o lado esquerdo e direito de seu corpo, que seus músculos trabalham soltos e em descontração (o que têm o nome de “rassembler”) e desta forma ele traduza esta situação permanente num apoio suave, elástico e constante com a mão do cavaleiro (Ramener) e que o cavalo permita aos poucos o cavaleiro afundar o assento e trabalhar o mesmo com mais ação, visando avivar os andamentos, tornando-os mais brilhantes e assim provocando maior conforto para o cavaleiro. Tudo isso, num estágio mais avançado do ensino só é possível se existir força (predicado na raça não comum).
O aspecto CONEXÕES é sem duvida mais complicado de traduzir em palavras pois dependem de ângulos e múltiplos aspectos do desenho do corpo do cavalo. Três na minha ótica traduzem a “Beleza do Cavalo”. A primeira e mais importante em relação à montabilidade é a conexão de rins, sem um rim suple e flexível não temos andamentos brilhantes. Já vi o mesmo funcionar melhor nas conexões longas do que nas curtas, mas o ideal é uma conexão medianas de boa musculatura e flexíveis. São estas conexões que permitirão ao cavalo a sensação de ter o cavalo debaixo de si como uma bola e que farão do Piaffe um movimento de rara beleza e colaborarão para atirar o cavalo para a frente nas mudanças aproximadas de galope, entre outras ajudas. A segunda CONEXÃO de importância no meu entender é a da ganacha. Acho feio um cavalo encorpada nesta região o que lhe tira “finura” de linhas e provoca muito dificuldade na colocação do cavalo em Ramener (chanfro na vertical), quando montado. Por último gosto de garupas longas com o termino perto dos corvilhões, o que demonstra solidez e quando bem aprumadas elas são sinônimo de muita beleza.
Dentro destes floreios temos a raça PSL, um cavalo que prima principalmente por sua personalidade e temperamento, não só no chão, mas principalmente montados. Cavalos tensos certamente terão de ser eliminados. Este sem duvida é o principal aspecto de seleção de um garanhão, por isso o Exame praticado na raça não é significativo nestes termos (cavalos são feitos para serem montados, inclusive as éguas) e assim como os homens, os aspectos intrínsecos destes só aparecem quando colocados à prova e perto do limite. Selecionar o plantel pelo aspecto TEMPERAMENTO , usando-se para isso animais que tenham este predicado positivo junto a sua FAMILIAS. Esta é uma razão pela qual defendo o Afiançado de Flandes como uma dos melhores garanhões da raça, produz cavalos de bom temperamento e na família encontramos vários entre eles, Parágrafo , o próprio Oceano e por ai vamos.
Tendo esta base, poderemos nos preocupar com os detalhes de beleza, porque ela nos cavalos é fundamental, garante a comercialização com maior facilidade. Pessoalmente consigo gostar de um Vulção dos Pinhais 1.72m., de um Distinto que tinha 1.58m. ou mesmo de um Quatrilho HM 1.60m.. Debato-me com esta mesma pergunta toda a hora, o que fazer se gosto de tipos diferentes? Escolher um tipo e permanecer nele? Tém criadores que criam cavalos Isabeis, é uma forma de definir o tipo, tem outros que criam cavalos de Dressage, também está correto. Ambos terão o seu mercado especifico. O que temos de saber é quais as famílias que poderemos utilizar para produzir os melhores cavalos Isabeis possíveis, dentro das boas regras zootécnicas e pelo outro lado saber quais as famílias que produziram cavalos de Dressage competitivos. Neste pensamento já temos um confronto, se for de Dressage, terão de ganhar, se forem Isabeis terão de ser realmente bonitos. Desta forma o criador chega à sua janela e olha todos os seus cavalos Isabeis lindos mas que não andam nada e na outra janela o criador de cavalos de Dressage olhará aqueles cavalos feios (normalmente os são) que andam muito.
O que definirá o caminho a seguir sem duvida é a função comercial que vc pretender dar aos seus produtos. Só não aceito não colocar o “comercial” no meio, pois logo saberei que X ou Y criação em poucos anos não mais existirá.
Temos de ter claro que um tipo permite participar de exposições (bem que está mudando). Se o potro filho do Saloio de nome Barbaro da SASA JE nesta última exposição apresenta um pouco mais de força, tornaria a vida do Toleirão muito difícil. O potro é lindo e certamente é um cavalo esportivo. Já a Canastra dos Pinhais é uma potra linda de grande movimento, mas não será uma égua produtora de cavalos de Dressage devido a sua família ser Tenor dos Pinhais. Não existe formula exata em genética, existe uma imagem, uma pesquisa das famílias e uma projeção futura para servir um mercado cada vez mais exigente.
Esta historia de cavalos é engraçada por isso, por ser arte por um lado, aprender a ver e a comparar e depois ciência e informação na busca da perfeição adaptando-se ao gosto particular de cada um. É como pintar um quadro, se não dominamos as cores, nunca poderemos fazer uma paisagem corretamente.
Por isso é importante ter perto alguém que tenha uma vivência grande com cavalos quando somos iniciantes na arte de criar cavalos. Esta pessoa terá como obrigação ter um senso de comparação aguçado e estar sempre em busca da revisão dos seus conceitos, buscando todos os dias a renovação da informação.
Não podemos esquecer também da frase “no legs, no horse” acrescentando-se que o cavalo é reflexo direto do que come. Bons pastos é fundamental.
O que deixo claro é o seguinte: Hoje vendem-se melhor cavalos de 1.65m. de altura que cavalos de 1.60m., por isso a seleção comercial continuará neste rumo, aliando bons andamentos como; passo solido e bem transpístado, trote com “suplesse” e cadência boa e natural e galope de passadas amplas e solto. A linha de cima sempre fala tudo...tém de ter um quê de leopardo nele, felinidade aparente.
Perseguindo estes detalhes acredito que certamente teremos ótimos cavalos, não só para olhar mas também para montar, não podemos é deixar de comparar, por isso visitas a produtores é a melhor atitude que um criador novo poderá fazer, já que é novo e todos acham que vai comprar um cavalinho deles. Aproveitem e COMPAREM. Outra dica, se puderem, filme tudo, em casa coloque uma musica agradável e tiram o som do criador X dizendo que o dele é o melhor do mundo e analise mais uma vez, vc é o juiz. Esta é a principal razão de existir exposições, propor o dialogo e a comparação, aonde os melhores deveriam receber uma explicação oral do porquê são melhores que outros.

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