segunda-feira, 28 de março de 2011

O CAVALO DE ESPORTE CRIADO NO BRASIL

Acabei de ler a entrevista do Cel Nigre (Diretor de Adestramento da CBH) e do Técnico Eric Latte no Camera Hipismo? No caso do Cel. Nigre, acredito pelo tipo de escrita, que tenha sido feita com uma prévia preparação ou mesmo enviada, sem o calor do “ao vivo”.

http://www.porforadaspistas.com.br/vitrine/2011/592.asp .

Toda ela muito correta (para inglês ver), mas o que vimos neste final de semana na Hípica Paulista não correspondeu à realidade, não existe a presença do aficionado, aquele que se dirige ao local para assistir ao Show, aqueles que lá vão, tem uma ligação ou com os cavalos, família ou estão trabalhando.

http://camerahipismo.uol.com.br/pag.php?id=1268

A segunda entrevista com Eric Latter (selecionador brasileiro), esta não vai no foco do problema; como este grande conhecedor do Adestramento poderá ajudar a nossa Equipe? Qual o programa a ser introduzido, qual a estratégia a ser aplicada. O "quinto sentido" nos diz que ele está ai para proteger a cavaleira Rabello mais uma vez (amazona esta que deveria estar competindo em igualdade de julgamentos no Brasil), ou vender-lhe mais um cavalo novo ( o que aconteçeu antes do Pan Rio), quando este afirma ter viajado pela a Europa para a ajudar e observar. A entrevista dá a nítida impressão de que o selecionador não confia na medalha de bronze em Guadalajara e evidência-o como uma carta de apresentação, do já conhecido mestre de todos nós AFICIONADOS. Na realidade queria saber mesmo era a impressão deste sobre o Tulum Comando SN, sobre os sucessivos erros da amazona Luíza, das vitórias incontestáveis de Marcelo da Silva Alexandre com o seu maravilhoso cavalo Signo dos Pinhais (única alternativa real de participação nas Olimpíadas de Londres). Acho que os “formadores de opinião” de nada sabem sobre as entrelinhas, dos bastidores e a luta de interesses agregado neste disputa, este são os pontos a serem abordados com veemência, sem rodeios. Qual o papel deste técnico nisso? O que ele sabe sobre a saúde dos animais a serem selecionados? Quem irá fornecer para este estes relatórios, este histórico. O que ele achou do cavalo Pastor? O que ele acha do Sargento do Top ser o primeiro classificado? Um cavalo com graves problemas de aprumos, os quais comprometem a performance e são visualmente constrangedores para todos (principalmente os criadores de cavalos PSL). O que ele achou de Bravíssimo? Enfim, tudo foi muito genérico no país dos genéricos, o que permite várias avaliações, mas a que permite mesmo é a de colocar a poeira para de baixo do tapete, falando-se em curtos prazos de treinamento.Aqui para mim, estamos na "roça", na mãos de uma midia comprometida e dependente da boa vontade de CBH, a qual a domina por completo.

A primeira analise – 4 cavalos participaram da categoria cavalos 4 anos apenas. Significa que não existe interesse nem incentivo para que os produtores da cavalos inscrevam os seus cavalos no Adestramento. Se não temos renovação de cavalos, seremos sempre reféns dos cavalos IMPORTADOS. Isso a médio prazo destruirá a evolução registrada na raça PSL e não permitirá o surgimento de investimentos no BH, pelo fato de sabermos que os europeus mandam cavalos para nosso país em consignação, formando uma concorrência desleal, provocando a falta de investimentos na produção do segmento. Uma politica d incentivo terá de ser criada e logo. Para mim é muito claro, cavalo novo tem de ter uma diminuição no pagamento das taxas, FPH, CBH, etc.

Segunda Analise – Nosso dirigente máximo da modalidade "Adestramento" afirma: “Outro segmento importante são os patrocinadores que acreditam e viabilizam os eventos através do apoio financeiro. “ – O que verificamos foi a total ausência de patrocinadores. Aqueles que fizeram-se presentes (apenas 3) tém vínculos diretos com a competição e todos tém cavalos ou familiares buscando uma vaga em Guadalajara 2011, o não é correto. Empresas ou cavaleiros envolvidos na competição não devem ser patrocinadores. Para quem é de fora não cai bem e este erro já é cometido faz muitos anos. Quem patrocina não pode estar pleitiando uma vaga na equipe. Terá de existir um programa de venda de espaços publicitários no Adestramento, esta é a solução. Organizem-se e façam aconteçer. Não existe diretor de marketing na FPH.

Terceira analise – Pelo o que vi em Wellington (FL) em Fevereiro e o que observei este final semana, as chances de medalha no Pan são remotas (só um milagre). Sabemos que primeiro está os EUA, segundo o Canadá (é impossível vencermos destes países) e iremos competir diretamente com o México (dono do evento), com a Colômbia com forte esquadra competindo na Florida todo o inverno e a Argentina (com um nó na garganta do Pan Rio). O que observamos no evento, mesmo com todo o esforço, estamos em apuros. A renovação do grupo não existiu no percentual desejado, Sargento do Top já está no seu máximo, o recém importado da França Pastor, montaria de Luíza de Almeida, não tém passo e nunca terá, além de ter uma boa presença, como todos sabemos, o passo na reprise São Jorge é fundamental. A pontuação recebida pelo cavalo Pastor, foi acima do merecido, nas duas apresentações. O cavalo revelação do grupo Tulum Comando SN é um animal irregular fisicamente e todos sabemos que "vetcheck" é o primeiro desafio real de competições internacionais. É bom lembrar fatos recentes, Nilo VO em Hong Kong e Portugal no WEG.cavalos não sólidos chegam no final da corrida bem sentidos, principalmente aqueles que já apresentam problemas.

Outro cavalo interessante, o Hanoveriano Bravíssimo (Bretano II em Wie Blanche) recentemente importado por uma Coudelaria tradicional e criadora de cavalos PSL, encheu os meus olhos na primeira impressão, mas logo depois verifiquei não estar apto para o desafio, apresentado problemas na reprise Intermediária de difícil solução a curto prazo, acrescentando a inexperiência de nosso melhor cavaleiro com este "TIPO" de cavalo. Por algumas vezes o cavalo o surpreendeu em pista. Ainda permaneço com esperanças neste conjunto, tudo dependerá da próxima apresentação e sua evolução, já que o filmei e tenho uma idéia precisa do ocorrido. Caso o cavaleiro e sua equipe tenham a capacidade de resolver os problemas, teremos um cavalo para chegar acima dos 68% em Guadalajara. No momento é um cavalo irregular, não transmite segurança alguma e pior, na sexta feira olhou a pista e empinou e virou para trás, deixando o cavaleiro sem ação (esta é a pior reação que um cavalo pode ter)comum neste tipo de raça. No Sábado já entrou em pista “mastigado e oprimido” mas na piruetas ao passo e ao galope, voltou a demonstrar uma falta de vontade de andar para a frente. Foi um balde de água fria, pois via nele o primeiro conjunto da possível com qualidade indiscutíveis, mas sempre temos de duvidar dos europeus quando vendem um cavalo bacana, a primeira pergunta é saber a razão pela qual venderam um cavalo deste tipo? Agora eu sei, já que se trata de um cavalo de 8 anos.

Duas revelações foram-me muito gratas neste final de semana. A primeira o jovem cavaleiro Pedro Tavares de Almeida montando o cavalo Toleirão da Broa. Um cavaleiro de rara sensibilidade, adaptou-se ao ritmo do cavalo com facilidade. A segunda boa impressão, aliás muito boa mesmo, foi o conjunto Sergio Castany de Fiori, um cavaleiro já conhecido, que pela primeira vez o vi brilhar, montando o BH Don Enrico AMM, um filho de Toy Boy em Olimpia Método de criação da Sra. Anna Maria Mantegazza, principal criadora de cavalos de Adestramento BH do Brasil. A apresentação deste conjunto foi a melhor possível e nos mostrou que temos sim chances de produzir bons cavalos no Brasil e equitá-los também, falta apenas incentivo para isso (sobre este detalhe escreverei no final desta matéria). Entre os PSL’s a boa revelação foi o filho da Orquestra HM, única égua a produzir no Brasil 3 cavalos de Adestramento confirmados e de qualidade superior, ABSOLUTO DOS DIAMANTES, sob a sela do bom cavaleiro Ricardo Nardy.

Quarta analise – Participação de outros estados e novos aficionados pelo Adestramento. Este é um tema longo o qual é a chave do dilema.

a) A CBH precisa organizar clínicas gratuitas de Adestramento nos Estados para introdução da modalidade - A SOLUÇÃO. Tudo muito simples, apenas dar o inicio e ter um ponto em mente na escolha do profissional. Este terá de ser uma pessoa comprometida com o Adestramento e não com a venda de cavalos. Terá de ser uma pessoa reconhecida pela FEI para tal função, terá de ser uma pessoa com vasto conhecimento geral, com o dom de ensinar e passar o conhecimento. È um projeto simples e barato, para ser executado em conjunto com as Federações de Estado, começando pelo norte e Nordeste. Tenho a certeza que teremos investidores para este empreitada, necessitando-se apenas dos contatos políticos para este fim junto aos dirigentes de cada estado. O Adestramento tem uma qualidade entre todas as outras modalidades eqüestres, ela pode ser praticada esportivamente dos 8 aos 80 anos, sendo esta a modalidade que coloca menos em risco os cavaleiros, fomentando a cultura eqüestre como um todo, começando pelo cavalo desta modalidade, o mais completo de todos (mas isso é a página nº15). Todo o dinheiro investido num programa deste “tipo” e filosofia, já é vitorioso, pois o que se sente é que as pessoas estão ávidas por aprender, por progredir. Mais uma coisa importante, quem administrar este programa, não pode ser PSL ou BH, ele terá de ser do Adestramento nacional.No Brasil formam-se professores de equitação num final de semana, tudo é muito incrivel, na Suécia demoram quatro anos.

b) Novos aficionados – Eu tenho uma solução para ontem. Investir-se numa Escola de Equitação fora das Hípicas que tenha fortes ligações com o Estado de São Paulo, Comissão Nacional do Cavalo em Brasília e projetos da Prefeitura da Cidade de São Paulo. O cavalo é uma Industria, ela fornece em nosso país 1.2 milhões de empregos diretos e não existe mão de obra especializada. A Prefeitura da cidade de São Paulo tem um projeto de nome água Branca - http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/infraestrutura/emurb/operacoes_urbanas/agua_branca/index.php?p=7983.

Para ser preciso existe nesta região um conjunto de 6 enormes armazéns (antigos armazéns gerais do Estado) pertencente ao Governo Federal e tombados pelo condefaat os quais estão totalmente ocupados por automóveis apreendidos pela Polícia Federal. Segundo consta no Projeto, esta área seria destinada a desenvolvimento esportivo e lazer de nossa cidade, mas já faz dois anos e tudo permanece igual, assim como o projeto Água Branca, o qual depende integralmente do projeto imobiliário da empresa Gafisa na região no antigo terreno da Telesp, aonde pretende construir um bairro com 16 torres comerciais e residenciais (o maior terreno da cidade, aonde a ex. Prefeita Marta Suplicy pretendia construir a cidade Olímpica de nossa cidade. Este espaço encontra-se em uma das mais valorizadas regiões da cidade de São Paulo, aonde a área construída está perto dos 8 mil reais o m/2.
Uma ação global e organizada, junto á Secretaria de Esportes da Prefeitura e do Estado, com o apoio irrestrito de todas as associações, assim como da FPH e CBH, poderia em curto espaço de tempo reverter este abandono da área e fazer-se ali o grande centro de formação de cavaleiros e quem sabe um show permanente de cavalos para nossa cidade utilizando as leis de incentivo à cultura, como aliás existe em quase todas as grandes cidades do mundo. Para dar o sustento, uma Escola de Equitação que terá como foco as 600 mil crianças matriculadas em escolas particulares na região, sendo que a próxima Estação de Metrô será a Água Branca, a menos de 50 metros da entrada deste grupo armazéns emormes do Estado. Pessoalmente acredito que tudo na vida teremos de nos antecipar aos fatos e este já está correndo. O projeto da Escola Nacional de Equitação existe, é só me procurarem para falarmos a respeito, agregando-se a isso o nunca visto sucesso do Hipismo em nosso país devido a suas sucessivas medalhas nos últimos 10 anos e pré qualificação para os JO de Londres, vitórias estes que devemos à família PESSOA, Neco e Rodrigo em sua maioria.

c) Como repararam, estive nos dois concursos neste ano no Brasil e em Welligton FL, observei e colhi informações, tentei ser racional e equilibrado e não vejo outra solução a não ser IR AO ENCONTRO DO POVO. Este é o meu foco, esta é a minha luta no não de 2011. Os concursos terão de sair das hípicas e irem para parques publicos como a Vila Lobos, Ibirapuera. As hipicas oprimem a evolução do esporte e esporte sem povo não tem acesso a patrocínios, sem patrocínios não tem premiação, nem aplausos, sem aplausos não existe motivação, sem “price money” não existe investimentos em cavalos (a não ser em proveito próprio para utilização da máquina esportiva), fora isso, os sócios das hipicas não gostam do povo, tem medo dele, fruto dos sindromas de segurança e inseguranças provocadas pelas metropolis brasileiras. Mesmo tendo no Brasil o Forum Eqüestre Mundial, estamos fracos internamente e isso reflete em tudo, principalmente no patrocinador. Por favor dirigentes, formadores de opinião, PRESTEM ATENÇÃO, existe sim uma luz no fim do túnel, o país está “bombando” é a bola da vez segundo o Presidente Obama, vamos trabalhar sério. O marketing esportivo está ai, temos grandes profissionais na área, só falta o interesse.

Quinta analise – CAVALOS IMPORTADOS. Para mim é um "tumor" que precisa ser combatido, mas não extirpado. Muita gente poderosa está ganhando muito dinheiro com a baderna instituída, alguns deles cavaleiros de ponta.

a) Existem Leis e elas terão de ser cumpridas e melhoradas.

b) Todos sabemos das dificuldades enfrentadas pelas economias européias, até a forte Alemanha está com problemas graves, Portugal não tem para onde correr, todos se viram para os países da vez, China, índia e Brasil. A invasão está ai, 60% dos cavalos apresentados no CDI*** deste final de semana são importados, 75% dos cavalos apresentados no CSN Verão são importados. A criação nacional no Adestramento está sem mercado, no salto idem. Logo entraremos em colapso e quem irá pagar a conta não será o cavaleiro com “Paitrocinador”, mas sim a classe trabalhadora, nas fazendas, nos haras, nas Hípicas, etc. Limitar JÁ a importação de cavalos é tão importante quanto produzir cavaleiros.

c) Ontem à noite tive a fotografia a qual será o nosso fim daqui a 2 anos, o $500.000 FTI Consulting Finali Gran Prix CSI5* em Wellington, 98% haviam nascido na Europa. Por favor, só não vê quem não quer ou está "mamando da teta". Temos de dar um basta na invasão européia, utilizando o que eles tem de bom com expertise, cavalos de GP, sêmen, éguas de elite,garanhões comprovados na origem, o resto aplicar a lei e acima de tudo, conferir as guias de importação no ministério da Agricultura e Ministério da Fazenda e colocar um ou dois na CADEIA. No merci, pode ser quem for, a dona do Bradesco ou cavaleiro representante do Brasil no mundial de salto, a lei terá de ser aplicada para todos, mas acima de tudo ter um “expert” percorrendo os concursos nacionais em busca de desvios de conduta conferindo os passaportes, inscrições de prova e DNA, trabalho simples, como informante especialista contratado pela Receita Federal, porque só ela pode prender para averiguações (imaginaram o estrago?). Este é o jogo ou estamos mortinhos. Vc que investe o seu dinheiro em criar cavalos no Brasil, estará em grandes apuros para comercializar os seus produtos em menos de 2 anos (PSL então, está morto!). Eles, europeus estão mandando cavalos em consignação, tem cavalos importados ( há menos de um ano) saltando 1 metro de altura. Temos de defender o CAVALO DE ESPORTE NACIONAL com unhas e dentes, doa a quem doer.não sinto uma mobilização para este fim concretamente.

d) O outro lado da moeda: Não somos bobos e sabemos que os cavalos deles são melhores hoje, precisamos deles para representações internacionais e melhora genética (quem recebeu o DVD do Paul Schockemöhle 2011 sabe disso. O exemplo que dou aqui é o querido Atack Z, importado pelo saudoso titular do Haras St. Juliana em Minas Gerais, cavalo Olímpico e montaria do não menos importante Sr. Teixeira. Este cavalo é o exemplo que gostaria de dar, foi importado respeitando a lei e depois foi pai de importantes cavalos internacionais no Brasil. Um sucesso comercial e no esporte. Cavalos deste tipo sim, terão de ser importados e com todas as facilidades possíveis, devem receber incentivos até. Agora trás um cavalinho “patudo”, comprado na “boca do açougue na Bélgica” para saltar 1.30m., vai pagar o que diz a lei. Por isso aumentava ainda mais o imposto de 38% para 60%, o colocava como produto importado, igual a um automóvel ou um aparelho eletrônico.

Na fonte, outro problema, importam cavalos de meio milhão de Euros com nota de importação a 2.000 Euros, cadeia neles. Como todos sabemos cavalo é um bem perecível, uma semana sem beber morre. A única forma de avaliar o valor real de um cavalo é a performance. Todo o cavalo vale o que faz. Como controlar? Eu tenho a solução, mas ninguém pergunta.

Indico também a da entrevista do Joaquim Cruz na veja. Muito clara, muito direta e verdadeira.

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