terça-feira, 22 de abril de 2008

OS CAMINHOS DO LUSITANO NO BRASIL


Desde 1999, sou Jornalista Eqüestre Internacional, filiado à AIEJ. A partir de 2001 dedico-me a escrever sobre cavalos, primeiramente em meu livro, intitulado “Apontamentos eqüestres”, um resumo de uma fase de minha vida Eqüestre e a passagem por diversas escolas de renome mundial, assim como cavaleiro de Salto de Obstáculos.

Conheço o cavalo Lusitano desde minha infância em Lourenço Marques , Moçambique, devido ao fato do motorista de minha família ser uma aficionado por touros e sempre levar-me à praça de touros em dias de corrida. Ele era e foi por muitos tempos o fabricante das bandarilhas usadas na praça de touros de Lourenço Marques, praça esta que qualquer um poderá vê-la no filme intitulado “A interprete” com Nicole Kidman e Sean Penn. Estamos falando dos finais dos anos 60 e princípios dos 70, pois deixei Lourenço Marques para trás no dia 23 de Março de 1976.

Como todos os meus mestres na oportunidade eram militares, a Equitação praticada não interessava-me, mas sim os “Obstáculos” aonde tive o privilégio de montar os Puro Sangues Ingleses sul africanos, por mais de uma década. Só voltei a ver animais desta categoria anos depois na Nova Zelândia, isso na década de 80. não podemos deixar de falar nos cavalos “nadadores” como intitulava na oportunidade, pois e já passei alguns a nado pela fronteira da Argentina com o Brasil, em aventuras dignas de cinema. Nesta década, o cavalo Argentino era o melhor, eram cavalos finos, muito ligados ao sangue, grandes saltadores, chamados antes da guerra das Malvinas de Anglo-Argentinos, hoje Sela Argentinos (sem duvida os melhores cavalos da America da Sul). Foi no final dos anos 80 também vivi 2 anos na Alemanha (Portugal ainda não pertecia à comunidade europeia) e presenciei a crescimento incondicional da máquina empresarial no qual tornou-se o cavalo Alemão, na oportunidade muito “carroceiros” para o meu gosto, com poucas variantes, tanto que os bons cavalos na Europa nessa década, ou eram os franceses ou os Irlandeses.
Desde os principio dos anos 80 freqüentei o Haras Itapuã, aonde tive o privilégio de assistir ao surgimento do BH no Brasil e acompanhar o PSL naquele que foi o maior produtor de cavalos do Brasil e ter a honra de conviver com o Eng. Énio Monte e o Cel. Edwin Day, alé, do Dr José Monteiro, amigo pessoal de minha família, além de ter como mestre o Cel. Reynildo Ferreira em Santo Amaro. Quase no mesmo período conheçi o vizinho e amigo Dr. João Carlos Ribeiro, ainda veterinário e diretor de Stud Book do BH e as primeiras importações feitas por este na Alemanha, coisas como Doncaster, os inúmeros cavalos garanhões Agroman, os famosos Hanoverianos do Souza Leão, aonde tive oportunidade de os montar em Recife, tendo Luís Filipe de Azevedo, “Alfinete” e Sergio Brandão Gomes como mentores visuais e amigos, além dos portugueses , Malta da Costa e Cap. Ballula Cid, ambos cavaleiros clássicos, o último chefe de curso em Mafra no ano de 86 a 88, aonde residi naquela unidade militar como interno.

Filho de uma família classe média alta, imigrantes de primeira geração n Brasil, nunca tive nenhum privilégio no esporte. Lembro-me do dia que decidi ser profissional que minha mãe disse-me: - A partir de hoje meu filho, aqui em casa terás apenas comida e cama limpa e assim foi durante anos e certamente foi a venda de cavalos que sustentou-me no decorrer dos anos, sendo esta a função profissional que mais gostava e gosto de executar, a qual mais prazer tenho, função esta que defino como “ir aos pântanos descobrir flores” e por anos foi assim, mas hoje esta função, que aliava paixão, conhecimento e muito prazer, cada vez é mais difícil. Fomos impregnados por cavalos Alemães (pela propaganda), o cavalo BH cada vez mais está longe das características sul americanas, hoje com o modismo do cavalo Holandês e dos refugos Belgas, não conseguimos criar uma identidade. Nos jóqueis cada vez mais os PSI são finos e frágeis (sem membros), o que por outro lado numa evolução gradativa fez do cavalos Puro Sangue Lusitano o ideal cavalos de sela do Brasil. Ele Salta, ele faz Adestramento, ele é campeão do mundo de atrelagem, ele é o melhor cavalo do mundo para o ensino da Boa Equitação Global, qualquer que seja a sua linhagem, Veiga, Andrade, Coudelaria, Alter, Quina, entre outras mais.

Voltando ao final da década de 90 ao Haras Itapuã, já numa crise vivida por este criador, o cavalo Puro Sangue Espanhol estava no seu fim no Brasil, aonde foi desenhado a formação do Andaluz Brasileiro, como descrito em meu livro editado em 2003. Por não ter-se observado experiências anteriores, como a formação do Anglo-Árabe no Brasil, aonde foram utilizadas éguas inglesas refugos de jóqueis club’s, a experiência do Andaluz usou as éguas Espanholas em sua formação primária, não dando abertura em seu stud book para a multiplicação infinita de raças formadoras, o que sentenciou o Andaluz a um caminho muito difícil, como abertura revolucionária de mercado para usuários amadores de cavalos para as modalidades olímpicas, 90 % dos consumidores brasileiros, não existindo um acréscimo em percentual na inserção de sangue Ibérico nas outras raças “tradicionais” paraplégicas por natureza. Cavalo que marcha, quando coloca-se um pouco de força, ele trota por diagonais associadas.

Nesta década, por ter abraçado a causa do Lusitano, juntamente com um “esquema” que teve seu começo numa feira Equitana em 1996 nos EUA, aonde já tinha visitado duas vezes na Alemanha na cidade Essen nos anos 80, os primeiros contatos foram executados.

Uma coisa aprendi nestes anos todos; só qualidade trás compradores de qualidade. Definir qualidade é o grande dilema, a grande divergência entre escolas, criadores, raças. Definir qualidade, é comprar uma briga!Mas, não podems abrir mão da base zootécnica de sustentacão em nenhuma raca.

Definir atitudes modernas no PSL criado no Brasil.

1) Renovação dos quadros de Conselho e de direção da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Puro Sangue Lusitano é a luta que deve ser intensificada. Pelos seguintes motivos:

a) UMA POLITICA DE FOMENTO mais efetiva. Não existe raça sem fomento. O que se passa no Lusitano, já aconteceu no BH. É só buscar na história fatos que não poderão repetir-se. A base da criação, como o é na Alemanha é o pequeno criador, o qual cria com qualidade e fornece estes produtos para as corporações internacionais de venda de cavalos world wide. Instruir e dar informação é vital para que o novo criador possa ter lucratividade. O “coordenador” desta Diretoria, que terá como agentes os inspetores regionais, terão de seguir as diretrizes definidas por este, tento como interesse primordial desenvolver a raça e não vender cavalos de Y ou X criador.

b) DIRETORIA DE ADESTRAMENTO, tanto da FPH, quanto da CBH, tem de ter ser o mesmo Diretor da ABPSL da categoria, para primordialmente lutar para formatar uma política de criação de núcleos de Adestramento em diversos estados, começando pelo Estado de São Paulo. Isso porque hoje aproximadamente 70% dos concorrentes montam cavalos Lusitanos.Ambos os cavalos selecionados para os JO Beijing, são PSL

c) SEMANA DO CAVALO LUSITANO DO BRASIL. Na realidade serão 9 dias. Consolidar esta data é de fundamental importância. Ela deve ser anunciada nos principais mercados internacionais, nas revistas de maior alcance. Para o financiamento desta publicidade, aonde todos serão beneficiados e por isso democrática, deverá usar-se verba provenientes das Taxas de exportação pagas a esta associação. Tendo como média 100 cavalos anos a 750 reais a um montante financeiro razoável para aplicação em divulgação do cavalos e da Semana.

d) ESTATISTICAS – é de suma importância para uma Associação de raça ter estatísticas. Possuir informações sobre garanhões e éguas e produtos destes. Informações reais resultantes de três vertentes de suma importância, esporte, exposições e exportações. Informações internacionais, resultados de exposições no mundo, o esporte no mundo do Lusitano. Formar-se uma central de informação interligando as associações de raça filiadas à APSL. – Só desta forma poderemos ter parâmetros reais, aonde todos poderão ter acesso e formar-se uma ação conjunta com as diretorias de fomento e esportes.

e) ASSESSORIA DE IMPRENSA atuante. Que a mesma não resuma-se somente a matérias internas de informação, mas que busque introduzir na mídia em geral material de divulgação da raça, buscando captar novos investidores/criadores de potencial e certamente os protegendo.

f) EXPOSIÇÕES NACIONAIS devem ser reativadas em feiras agropecuárias, sendo estas seletivas para a internacional, dando maior relevo à exposição do Paraná e Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e interior do Estado de São Paulo, Presidente Prudente, Ribeirão Preto e Sorocaba.

g) FORMAÇÃO DE NOVOS JUÍZES da raça, pessoas que tenham histórico esportivo, que conheçam profundamente o cavalo Lusitano, que não sejam apenas Veterinários (Que pouco sabem de cavalos esportivamente, a não ser clinicas), Zootecnistas (mais longe ainda de vínculos com o cavalo a não ser seu peso) e Eng. Agrônomos (estes mais longe ainda, especialistas em pastagens) . Reverter este parâmetro de seleção de juízes é fundamental para uma saudável observação e julgamentos de animais, numa projeção esportiva, como é o Lusitano.

h) FORMATAÇÃO DE UM LEILÃO DE ELITE, tendo como foco primário, não uma marca, mas sim os melhores cavalos. Fazer deste o marco de vendas internacionais inseridas na Semana Internacional do Cavalo Lusitano. Estes cavalos deverão ser selecionados por uma comissão e não por um grupo. Sem duvida, poderá chamar-se LUSO – BRASILEIRO, e ser organizado nos parâmetros atuais e no mesmo local. O que terá de mudar sem duvida é a qualidade dos animais ofertados.

i) LOCAL DE EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL – Sem duvida a cidade que deverá ser Efetuada a Exposição Internacional é Sorocaba/Aracoiaba da Serra. Pagar a quantia a qual é cobrada nas Hípica Santo Amaro, não trás nenhum benefício para a Raça. Sabemos que nesta hípica o interesse primordial é o Salto de Obstáculos e competições. Nos anos que lá foi executada, poucas pessoas estiveram presentes para ver os julgamentos dos animais, que realmente interessam como futuros criadores. Neste caso há que ser equilibrado e ter bom senso.

j) CONGRESSO INTERNACIONAL DA RAÇA – O dialogo sempre foi muito proveitoso, ouvir outras experiências é de fundamental importância para que tenhamos conhecimento suficiente, com liberdade de usar exemplos e abrir-se discussões calorosas ou não, mas sempre positivas. Nada melhor que aproveitar a SEMANA INTERNACIONAL do PSL para execução das mesma.

TEREMOS DE PENSAR COMO O PARAGUAY QUE ACABA DE DEPOR O PARTIDO COLORADO, O QUAL GOVERNOU AQUELE PAÍS POR 80 ANOS. NO PSL TEREMOS DE FAZER O MESMO, PARA QUE POSSA HAVER UMA RENOVAÇÃO DE PENSAMENTOS E ABRODAGEM DIFERENCIADAS SOBRE MULTIPLOS ASPECTOS. O SISTEMA ESTÁ VICIADO, O LOCAL É ERRADO E O CAVALO MEREÇE MAIS, MUITO MAIS.

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