domingo, 6 de abril de 2008

DESENVOLVIMENTO DAS APTIDÕES

A sobrevivência do cavalo depende de seu estado físico e de sua saúde. Evocar as aptidões do cavalo para saltar e galopar como prova de sua capacidade motora pode, à primeira vista, parecer estranho. No caso do homem, sua sobrevivência deveu-se, inicialmente, ao desenvolvimento de sua destreza manual; evocação semelhante pode ser feita com relação à habilidade que ele deve possuir para realizar tarefas com a utilização das mãos. O desenvolvimento das capacidades atléticas de um ginasta, de um tenista ou de um patinador, por exemplo, envolvem dificuldades idênticas às que um cavalo terá para se tornar um corredor ou saltador. Para a aquisição das condições físicas necessárias, o treinamento do atleta é comparável ao aprendizado a que deve ser submetido o cavalo de corrida, de Adestramento ou de salto. O cavalo tem marcante tendência para a repetição. Quando executa pela primeira vez um determinado gesto, tentará repeti-lo mais vezes. Assim, se um determinado sinal provoca no cavalo certo tipo de comportamento, em todas as situações semelhantes o mesmo sinal provocará idêntica reação, a menos que, através de muito trabalho, seja possível modificá-lo. Para assegurar que o comportamento reativo do cavalo às solicitações ou sinais que lhe são transmitidos está correto e que os maus hábitos ou defeitos de percepção foram eliminados, é preciso ter sempre presente os dois princípios básicos, que são:

Os sinais devem ser claros e distintos

O cavaleiro deve assegurar-se de que todos os sinais (vocais, sensoriais,etc.) transmitidos ao cavalo sejam claramente emitidos, isto é, distintos uns dos outros.. Nada é mais difícil e enervante para um cavalo do que não saber distinguir com exatidão aquilo que o seu cavaleiro está solicitando. O cavalo tem grande capacidade para distinguir diferenças entre sinais visuais, inclusive aqueles quase imperceptíveis. Não se sabe, entretanto, se ele é capaz de distinguir sensações tácteis distintas e as diferenças de timbre entre os sons emitidos por um cavaleiro ou outro. Isso explica porque um cavaleiro inquieto e nervoso transmitirá esse estado de espírito ao cavalo.

Toda a reação correta deve ser recompensada

Existem vários métodos para fazer com que um cavalo responda instantânea e corretamente a um sinal. Qualquer que seja o método utilizado, entretanto, o cavaleiro deve aguardar com muita atenção o momento em que o cavalo executar o que lhe foi solicitado e, sempre que isso acontecer, deve recompensá-lo com um sinal de sua satisfação (carinhos, afagos, palavras amenas, etc). Se a reação desejada for, várias vezes, associada apo mesmo sinal, o cavalo descobrirá rapidamente o que deve fazer para ser recompensado. Uma vez que o cavalo perceba o que deve ser fazer, seu estilo ou movimento poderá ser melhorado pouco a pouco, desde que os pedidos do cavaleiro não excedam a capacidade de resposta do cavalo. A capacidade de aprendizagem do cavalo melhora e se consolida com a intercalação de algumas horas de repouso entre duas sessões curtas de exercícios. Só existem vantagens em deixar o cavalo relaxar durante esse intervalo de tempo. Às vezes, um cavaleiro se esforça durante um dia inteiro para que o cavalo aprenda determinado exercício. Ao final do dia, no entanto, parece que o esforço foi em vão e ele, indignado e irritado, chega a admitir que fracassou em suas tentativas. No dia seguinte, porém, ao retomar o exercício, ele constata que o cavalo responde corretamente ao primeiro pedido, dando a impressão de que “estudou” a lição durante a noite. Isso ocorre porque as sensações que lhe foram transmitidas no dia anterior foram sedimentadas durante o período de repouso. É de grande eficiência no ensino do cavalo utilizar o final da lição como recompensa por algum exercício, movimento ou salto bem executado.

Texto extraído do Livro “APONTAMENTOS EQUESTRES”, da pág. 134 a 136.

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