domingo, 16 de janeiro de 2011

Relatório de Atividades e Sugestões confeccionado pelo Comitê de Equitação de Trabalho 2010

Li com atenção o texto publicado no Site da ABPSL e durante viagem neste final de semana com tradicional criador de cavalos Lusitanos de Goiânia, o tema muitas vezes veio à discussão.
Acompanho esta modalidade desde o seu inicio no Brasil. Nunca a olhei de outra forma a não ser de formação de cavaleiros e cavalos, desde que os mesmos cavalos não sejam mal encaminhados no ensino elementar, o que em 70% a 85% dos casos ocorre (muitos cavalos atrás da mão e outros com fortes embocaduras, sem leveza e beleza nos movimentos). Para os cavaleiros a prática é muito valiosa por provocar nele um à vontade a cavalo e dar-lhe a conhecer um pouco de tudo, sem compromissos maiores com a rigidez da técnica do Salto ou do Adestramento.
Sempre olhei a ET como uma GINCANA.Sei também que já consegui comprar um ou dois cavalos provenientes desta modalidade e hoje procuro comprar o terceiro. Cavalos bem postos na equitação sempre terão mercado, por tratarem-se de cavalos de origem PSL.
Falta a esta modalidade achar o mercado próprio, acertar a sua identidade nacional. Simplesmente não existem competição sem competidores, não existem cavalos de melhor padrão se não existir prêmios ou mercado para estes serem vendidos. Jamais existirá premiação atrativa se não existir acesso à mídia. É a velha história de que, se correr o “bicho” pega, se parar o “bicho” come.
Associar a ABHIR com a ET é associar o moribundo com o doente. Não sinto nem visualizo nenhum propósito. As iniciativas devem partir da seguinte base:
1) Criar-se uma Escola de Equitação de Trabalho dentro da cidade de São Paulo, de preferência em terreno entre as marginais Tiete e Pinheiros, com apoio de grupo de empresários do cavalo e criadores. Existem parques e locais em grande numero. As aulas e a venda de cavalos trará lucratividade para estes investidores. Este grito de minha parte já é dado faz muito tempo, com o projeto apresentado neste BLOG (mas infelizmente ninguém o ter lido), tão pouco o comentou!
2) A ET obrigatoriamente para aliar-se ao projeto Equitação Fundamental da FPH, terá de ser aceita por esta Federação como modalidade, ou melhor, ser aceita pela Confederação Brasileira de Hipismo. Isso é política e de certo terá pontos positivos e negativos. Negativos, o pagamento de taxas e passaportes e positivos ter acesso a todo o território nacional, todas as escolas de equitação no país, as quais obrigatoriamente terão de ser filiadas à sua Federação de Estado. Desta forma, poderemos organizar uma parceria dentro do programa Equitação Fundamental, uma parceria com uma organizadora a qual permite a divisão e a ampliação.
3) A diversão e a família, serão as palavras de ordem para o marketing esportivo, aliando-se a algo de grande importância: Eu coloco mais facilmente meu filho para iniciar no convívio com o cavalo através da ET do que no Salto de Obstáculos. Como profissional do cavalo e professor por mais de 25 anos, já vi 3 (três) crianças morrerem na minha frente. Normalmente, os pais de crianças iniciantes não entendem da modalidade de alto risco Salto de Obstáculos e 80% dos profissionais de “escolinhas” não estão preparados para a função profissional que exercem e nem tem consciência dos riscos que envolvem a modalidade.
Na ET, este risco de quedas fatais é muito minimizado entre as categorias de base e fora isso de todas as raças o PSL é o cavalo mais sólido, o que menos tropeça, devido a sua atitude alta, não projetará a criança e o adolescente pelo pescoço, como acontece no Salto de Obstáculos.
Por outro lado, os dirigentes terão de entender que a ET é uma modalidade de formação, logo estes cavaleiros/amazonas em formação passarão a encontrar mais graça e evolução em outras modalidades, como o CCE, Adestramento e Salto de Obstáculos ou mesmo Rédeas. Quando esta etapa chegar, todos ganharão, dirigentes, criadores de cavalos seletos de outras raças, principalmente o BH e sem duvida o cavaleiro que terá uma maior chance de representar a sua região, seu Estado e porque não o seu país.

4) Este item é de grande importância e já brigo por ele faz anos. Libertar a ET da “portuguesada”. Ensino no Brasil é Adestramento. Só mudando esta “burrice” poderemos fazer o link direto com outra modalidade olímpica e de relevo nacional. A criança que participa da ET ela poderá afirmar que faz Adestramento e não ENSINO, um nome que nada representa no Brasil. Mas o mais importante sem duvida é o uniforme.
De certo que o cavaleiro quando apresenta-se para um juiz, o qual está ali para o julgar e este por educação traja-se de palitó e gravata, este cavaleiro/amazona deverá apresentar-se limpo e de roupa branca com bota limpa. Esta roupa poderá ser simples, um colote branco e uma camiseta branca, sem a existência de nome de patrocinadores. Esta camiseta poderá ser do tipo “pólo” ou regular de gola e mangas longas abotoadas, desde que o ultimo botão da gola esteja também abotoado. Isto é educação e para mim representação a formação do individuo e é o que o cavalo pode dar de melhor na formação do jovem, o asseio e a disciplina. Por outro lado o Juíz terá a caneta na mão e poderá penalizar o conjunto pela falta de apresentação. O único item que não pode ser negociável é o CAPACETE, este terá de respeitar as regras de segurança mundiais. Subiu no cavalo, se não portar o capacete está eliminado se menor de 18 anos for. Para os adultos, como forma de dar o exemplo devem também usá-lo. Desta forma DEMOCRATIZAREMOS o esporte, iremos ao encontro do povo.
5) Arreiamento deve ser livre, respeitando-se apenas as normas regidas pela FEI em termos de embocaduras e uso da espora. Cavalo com a presença de sangue é eliminado sumariamente. Tirando desta modalidade o “ranço” proveniente do além mar, como selas portuguesas e outros fricotes de certo a ET terá mais facilidade para ir ao encontro do povo brasileiro, que por sinal adora GINCANAS e o cavalo, seja ele que raça for.
6) Faz algum tempo vi um vídeo sobre ET produzido pela ABPSL e o programa da Tribuna Lusitana. Ambos são incompletos e não servem para o que se destinam, apresentar a modalidade ET para as Américas. Só o Brasil pratica a ET, no México ela já morreu. Não tenho conhecimento de serem realizadas provas de ET no México no ano de 2010. A produção de um filme a ser distribuído para TODOS é fundamental (porque não vendido também?). Este filme terá de abordar todos os detalhes da competição, mas acima de tudo detalhes sobre a preparação do cavaleiro e do cavalo para executar as suas fases, todos os tipos obstáculos, com os devidos erros e correções, etc. Por outro lado terá de transmitir a emoção da competição em alto nível. A ET bem executada é de grande beleza e de grande exigência técnica. Isso também terá de estar exposto.
7) Tendo este material em mãos, acrescentando a este as diretrizes técnicas da modalidade, alguém terá de sair com a “pastinha” na mão e fazer palestras em hípicas Brasil a fora com o seu IPAD.
Caso a ET seja tratada como é o Adestramento no Brasil, certamente o fim será o mesmo registrado no México, certamente todos os esforços individuais serão jogados ao vento e pior, um mercado que poderá dar um comercio bom a ÉGUAS e cavalos PSL não existirá. É de doer ler a lista de participantes desta modalidade no relatório apresentado no site da ABPSL.

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