sábado, 22 de março de 2008

UMA HISTORIA DE EXPORTAÇÃO








Há 10 dias atrás levei pessoalmente quatro cavalos para LAX (Aeroporto internacional de Los Angeles) para ser recebido pela empresa aduaneira e de quarentena contratada. O cavalo vendido no Brasil para um proprietário da Califórnia, vôo pela MasAir (empresa mexicana ligada à ABSA e Lan Chile) com porto de saída no aeroporto de Viracopos (aliás o melhor do Brasil no momento.O vôo transcorreu com muita tranqüilidade, o cavalo em causa ia acompanhado de 3 outros, para outro cliente, junto ia um outro veterinário com a melhor égua PSI do momento no Brasil, também exportada para campanha pelo próprio proprietário brasileiro. Esta égua exigiu um acompanhamento permanente do veterinário os meus 4 cavalos, dormiram, comeram e beberam e fizera um vôo excelente, com escalas em Cidade do México.A chegada a LAX foi às 1.30 am local, e fui surpreendido por um grupo de policiais aduaneiros norte americanos procurando pelo proprietário dos cavalos que eu transportava, ação que nunca tinha recebido nos mais de 200 vôos executados com cavalos. Tudo foi explicado e liberado uma hora depois aonde tive a permissão de entrar nos EUA.Como sempre fui para o Hotel, no dia seguinte obtive informações dos cavalos e todos passavam bem, falei com pessoas por telefone do hotel, marquei uma reunião na parte da manhã com um cliente e às 2 pm voltei para o Brasil num vôo American, com escala em Dallas.No Brasil mantive contato com a quarentena e foi-me informado que o cavalo X do meu grupo teria tido o primeiro exame positivo do teste Eliza. O pânico tomou conta, pois todos os cavalos tinham saído do mesmo produtor no Brasil, o que significava ficarem todos os cavalos de distintos compradores retidos na quarentena por mais uma semana a US$300 por dia cada um. A primeira ação foi separar o mais rápido possível o cavalo positivo dos outros negativos, o que permitia retirar os outros cavalos da quarentena no prazo regulamentar de uma semana apenas. Com a agilidade do despachante do Brasil o a facilidade que o cavalo era de outro ferro (produtor diferente dos outros três), isso foi alcançado e conseguimos no mesmo dia separar a procedência dos animais, que na realidade era a mesma.No dia seguinte, isso 12/03 segunda-feira veio a confirmação do segundo exame, como novamente positivo no teste de Elisa. O cavalo deverá retornar ao Brasil ou ser sacrificado na quarentena. De imediato enviamos os últimos 3 exames realizados antes do embarque, sendo dois deles executados nos EUA no mesmo laboratório oficial de todas as quarentenas particulares ou oficiais da USDA ( secretaria de agricultura deles), o primeiro dizia que ele estava com 12% e o segundo exame em 8% o que permitiria a entrada deste com facilidade nos EUA. O terceiro exame executado num laboratório no Brasil, 24 horas antes do embarque, dizia que o cavalo era negativo no teste de Eliza. Todos estes documentos foram enviados, para tentar mostrar principalmente que não havia de nossa parte uma má intensão no processo de exportação e certamente tentando o impossivel.Logo foi contatada a mesma empresa aéria, para execução do transporte de volta do cavalo, a qual cobrou US$12.000, mais custos adicionais de 2 mil para gastos gerais e acompanhante o que chegava a quase US$15.000. O cavalo em causa tinha seu custo de venda em US$17.500, a opção empresarial era sacrificar o cavalo. Esta atitude foi pedida à quarentena.A resposta foi clara. O custo de sacrifício na quarentena seria de US$7.500 mais despesas de cremação do animal e que no momento já tinham jornalistas interessados nos fatos e que os EUA ameaçava, caso seja sacrificado o cavalo fechar os porto de chegada de qualquer cavalo vindo do Brasil (fato este, podem ser confirmados pelos e-mail recebidos). Tudo isso muito estranho, pois existe um acordo realizado entre os dois países que o cavalo ou retorna ou é sacrificado. Entramos em contato com a quarentena oficial de Miami e perguntamos quanto custa sacrificar um cavalo lá e eles nos informaram que custaria US$500. Solicitamos a ajuda de outro agente em Miami para interceder no caso e foi recebido muito mal pela agente em Los Angeles que perguntou o que esta tinha a haver com a situação. Certamente a esta altura tudo estava nebuloso e confuso. Optei por colocar mais pressão e ameaçar viajar imediatamente para os EUA.Perante a inviabilidade de sacrifício, opte por levar o cavalo para um criador amigo na Cidade do México, que prontamente aceitou receber o cavalo. O custo da viagem aéria US$7.500 mais custos de acompanhante, o que chegaria a US$9.000.Surge a informação que este cavalo poderia ir por terra num trailer particular até a cidade de Mexicale fronteira do México com os EUA no dia de ontem 16/03. Optamos por esta alternativa e depois o cavalo seguiria para a Cidade do México por terra depois de alguns dias de descanso.No dia de ontem, aonde dei por fim a minha tentativa de recuperar algum valor do cavalo a favor do produtor, o mesmo doou o cavalo e o mesmo seguirá por terra nos próximos dias para o México, nos colocando isentos de qualquer responsabilidade sobre o mesmo, com um prejuízo de 17 G (preço do animal no Brasil) + 6 G (transporte Campinas LAX) + 3 G (quarentena), dando um total de prejuízo ao produtor de US$26.000 mil dólares aproximadamente.Se este cavalo chega à Cidade do México, pelo menos poderíamos o ter vendido por US$30.000 e empatado o investimento praticamente.Muitas perguntas ainda restam para o próximo capitulo da Historia, elas são:
1) Como um cavalo positivo no teste Eliza pode sair em um trailer particular nas rodovias norte americanas e chegar ao México numa viagem de 7 horas? Trata-se de carga viva!!!!tem de beber e comer!!
2) Qual o poder de persuasão de um particular em conseguir este tipo de coisa?
3) Porque não é respeitado o acordo executado entre os dois governos?
4) Que autoridade o USA tem de rasgar contratos internacionais e afirmar que não entra mais nenhum cavalo vindo do Brasil em seu solo?
5) Quais os custos reais da quarentena, pois o cavalo ainda está lá?
6) Porque que os exames executados no mesmo laboratório nos EUA nada valem?
7) Porque que até agora não foram enviados os exames oficiais executados nos EUA no cavalo, com os respectivos percentuais que vetaram a sua entrada no país?Certamente isso poderá trazer um bom debate, pois o Brasil depende exclusivamente do mercado norte americano para vender os seus produtos de qualidade e desta forma, duvido que algum produtor tenha coragem de enviar um cavalo tratado para os EUA, o que faz sobrar apenas 20% da produção nacional para este fim, exportação.
Felizmente hoje este cavalo vive na Alemanha e é montaria da esposa do treinador da Equipe Norte Americana de Dressage, Sr. Klaus Balkenhol.

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