sábado, 22 de março de 2008

A HISTÓRIA DA CONQUISTA DOS MERCADOS INTERNACIONAIS PELO CAVALO PURO SANGUE LUSITANO



Durante as décadas de 80 e 90 o Brasil foi o principal importador de Cavalos Puro Sangue Lusitanos de Portugal. O portugueses venderam todo o tipo de cavalos para os criadores brasileiros e nesse lote de cavalos vieram animais importantes, que hoje são a base da criação brasileira. A marca TOP, do saudoso Antonio Pereira e Énio Monte foram os precursores, ainda na década de 70. Durante muito tempo o mercado foi infestado de cavalos e éguas comprados a preços irrisórios em Portugal e vendidos no Brasil a peso de ouro, nos famosos leilões da década de 80 e modismos foram criados. Com a falta de mercado, por não haver touradas em nosso país e cavalo Lusitano passou duas décadas sem uma função focalizada e organizada, o que atrasou a criação de uma identidade com o mercado brasileiro, confundindo-se com as raízes históricas portuguesas.
Das iniciativas importantes abrem os horizontes do mercado nos anos 90. O investimento da marca Do Retiro no mercado mexicano e a marca Interagro no mercado norte americano, quando estabelece uma sede de seu criatório naquele país no Estado do Texas.
Dois nomes surgem na importação de cavalos do Brasil, Victor Silva (USA) e Juan Del Valle Alvarado no México, foram os principais importadores da época. No Brasil, os leilões eram verdadeiros shows, principalmente os do “Retiro”, aonde sem duvida trouxe um glamour para a raça, fazendo neste período a troca da nomeclatura de Andaluz para Puro sangue Lusitano.
A marca Interagro não se desenvolve por diversos problemas nos EUA e abre o mercado para outros intermediários, isso já na virada do século e outros produtores entram na corrida pela liderança das exportações, como exemplo a marca Iannoni e Modelo, todos eles com características próprias, buscando caminhos independentes, através de parcerias e captação de clientes, sempre utilizando os parceiros norte americanos ou mexicanos.
Nesse ínterim são exportados os primeiros cavalos para Portugal, um deles o hoje famoso Nostradamus do Top, vendido pelo Haras Modelo à Coudelaria Freire.
No ano de 2002 a 2007, o Haras Modelo é líder de exportações de cavalos Lusitanos para os EUA e o México para de importar cavalos no volume que o fazia. Novos intermediários aparecem no mercado, como Jorge Gabriel, Victor Ramos e Ingrid Pollack. Sem estes nomes, certamente o desenvolvimento atual não teria o mesmo sucesso.
Com o enfraquecimento do mercado nacional, no qual sofreram todas as raças, os grandes leilões da raça desaparecem fazendo com que o mercado de exportação seja o único a ser avidamente desejado por todos é quando direciona-se o cavalo Lusitano para o “Dressage” no Brasil. Mais uma vez contamos com o pioneirismo do Villa do Retiro e do Interagro nesta iniciativa e na outra ponta o Haras Modelo cria a venda “porta a porta” de animais de qualidade, com garantias zootécnicas, veterinárias e de quarentena. São vendidos cavalos importantes e éguas representativas para os EUA, como Parágrafo do Top (USA), Quieto (México), Perola (México), Quatrilho HM (USA), Hortelã (México) entre muitos outros.
O leilão que sucede o do Villa do Retiro é o Luso Brasileiro, uma união de diversos criadores, habilmente colocado na semana da Exposição Internacional de São Paulo, centralizando para esta época as visitas estrangeiras ao nosso país, formando-se assim a semana do cavalos Lusitano no Brasil, até hoje ainda não explorada em toda a sua potencialidade de captação de clientes e interessados, devido a retalhamento de datas de eventos e o individualismo de alguns.
Devido às barreiras sofridas por Cavalos europeus para exportação para os EUA, um grupo de criadores aliou-se a um criador Brasileiro e criou-se no Brasil o primeiro produtor de cavalos português em solo brasileiro, visando exclusivamente a exportação de cavalos, verificado dois anos depois na iniciativa particular da marca Interagro de vender cavalos exclusivamente para norte americanos, num leilão exclusivo para estrangeiros, aonde alia-se aos portugueses para fazerem a ponto comercial com aquele país. Hoje, em março de 2008 é uma realidade esta parceria, leilão este que deixou o Brasil e foi executado diretamente em solo norte americano, com cavalos exclusivamente criados no Brasil. Iniciativa de sucesso que abre concretiza os planos portugueses de recria do Brasil para alcançar os mercado americanos.
Com uma produção dividida entre cavalos “alusitanados” e outros maiores, que serviam para a pratica do Dressage, rapidamente desaparecem de nosso país cavalos e éguas importantes, não registrando-se a reposição de uma produção à uma produção à altura o que verificou-se nos últimos anos nas exposições internacionais de São Paulo, principalmente 2006 e 2007.
Hoje existe uma grande dificuldade de igualar o marketing já executado, verificando-se pessoas interessadas em cavalos de qualidade, com disponibilidade para os pagar, mas com uma grande dificuldade em encontrar o cavalo ideal que possa proporcionar um equilíbrio custo beneficio perante o mercado internacional de cavalos de Dressage.
Investimentos foram feitos na criação de uma modalidade esportiva ligado à raça PSL, uma gincana parecida com os provas de hipismo rural do passado, para venderem-se os cavalo “alusitanados”, mas pela falta da criação desta modalidade nos EUA, esta também estagnou ao ponto de ser o Brasil o primeiro campeão do mundo e no último campeonato mundial nem ter participado.
Sentindo-se o problema de produção, os criadores profissionais estão investindo em transferências de embrião, utilizando cavalos warmblood em éguas Lusitanas, ação esta ainda não registrada convenientemente no Ministério da Agricultura do Brasil, até o dia de hoje, por existirem dois Stud Book que permitem este registro, o Andaluz Brasileiro e o PSL.
Como agravante sentimos uma total debandada dos criadores das exposições, pelos graves erros cometidos nos julgamentos e principalmente a condução dos julgamentos serem tendenciosos, favorecendo uns e não todos democraticamente, fazendo com que a semana do cavalo Lusitano, não mais seja representativa para compradores internacionais, por não concentrar nela os melhores cavalos e que nem sempre ganhe o melhor nas classes mais importantes, não verificando-se o controle de dopagem ativo, juízes estrangeiros comprometidos com alguns criadores, animais entrando em pista com sufixo e não numero e convívio dos juízes com criadores durante o julgamento.
Outro agravante é a qualidade decrescente dos cavalos apresentados no maior leilão da raça, buscando-se na captura direta de clientes através da Associação uma atividade que não surge o efeito desejado.
Infelizmente verifica-se a permanência dos trabalhos de mídia no estrangeiro, sem que nossa produção comporte de fato esta propaganda, com animais de qualidade “world wide”.
Para agravar ainda mais a situação, a Associação está dividida em dois grupos distintos, verificado nas últimas eleições e o silencio impera, o que facilita sem duvida o uso da máquina administrativa para fins individuais. Novas eleições acontecem este ano!
Ações precisam ser rapidamente tomadas para não agravar a situação, para que o cavalos Puro Sangue Lusitano possa permanecer no rumo da globalização competindo com os outros cavalos de sela e esportivos no mundo. A transferência de embrião na raça torna-se questão de vida ou morte, regionalização ou globalização.

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